Em momentos difíceis, a arte em suas diversas formas se mostra ainda mais urgente. Sua potência como respiro, como forma de viajar para outros mundos e se deixar transformar mesmo dentro de casa é evidente e necessária. Na nossa primeira carta, trazemos algumas referências relacionadas ao universo das artes visuais para apreciar e se inspirar.
Para os que se interessam pelas visitas online, que tal viajar até a África do Sul e conhecer o maior museu de arte contemporânea do continente africano? Esse é o Zeitz MOCAA, localizado na Cidade do Cabo, que está oferecendo tours virtuais a suas exposições Five Bhobh – Painting at the End of an Era, coletiva de artistas do Zimbábue; Still Here Tomorrow to High Five You Yesterday e The Main Complaint, ambas sobre afrofuturismo. Além disso, é possível acessar no canal do youtube do museu todo o simpósio What Happens at the Edges, realizado em torno da exposição do sul-africano William Kentridge, entre outros vídeos, como a série de lives Head to Head, que vem acontecendo toda terça-feira às 13h (horário de Brasilia) no instagram do museu (@zeitzmocaa) e que tem como propósito conectar curadores e diretores de importantes instituições artísticas do continente africano para discussões sobre urgências, desafios e oportunidades da área.
Vale conferir também os resultados do Programa Convida, do Instituto Moreira Salles, que reúne cerca de 60 projetos de artistas e coletivos convidados pelo IMS para criar obras durante a quarentena. Chamamos atenção para os trabalhos de Rosa Luz, artista central para a visibilidade LGBTQIA+ no Brasil, do artista multimídia Edgar, do fotógrafo Roger Cipó e do cineasta indígena Tukumã Kuikuro, entre muitos outros.
Para os fãs de podcast e para aqueles que querem encher o feed de beleza e referências a dica é o The Great Women Artists, página do instagram – e podcast – que fala sobre grandes mulheres artistas de diversas origens. Tem episódios sobre figuras mais famosas, como a mexicana Frida Kahlo, e também sobre artistas que muitos de nós ainda não conhecemos, como a iraniana Shirin Neshat – cujo TED Talk Arte no Exílio também merece atenção. Além disso, a presença brasileira é marcada pelo episódio sobre a grande Anna Maria Maiolino.
Por fim, tendo como referência o Dia da Luta Antimanicomial, no último 18 de maio, recomendamos uma das obras mais bonitas do cinema brasileiro, Nise: O Coração da Loucura. O filme conta a história real da psiquiatra brasileira que revolucionou o tratamento mental no Brasil, ao se manifestar contra práticas agressivas e enxergar a potência existente no encontro dos pacientes com a arte. O Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro, é uma das heranças de seu trabalho. Emocionante do começo ao fim, é o tipo de história inspiradora que nosso coração pede nesse momento.
Na imagem em destaque: Por um fio, Anna Maria Maiolino , 1976.